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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Carrinho de deficiente físico no Target

Quando morei em San Diego eu ia sempre ao Target, uma loja de departamentos enorme, tipo Wal-Mart, mas bem mais legal. E eu adorava fazer compras lá.

Em San Diego eu tinha uma grande amiga, seu nome é Rachel, alias ainda somos grandes amigas. E bom, logo que eu cheguei lá aconteceu uma tragédia.

Eu ainda não falava quase nada de inglês, não que eu esteja muito melhor hoje, mas bom, naquela época eu falava ainda pior do que hoje.

Enfim, morávamos em 3 amigas, a Rachel, a Tara, também uma grande amiga, e eu. A Rachel tinha se casado com o filho de uma amiga do meu trabalho aqui no Brasil, foi por isso que fui parar lá na casa dela, mas nessa época eles estavam brigados então ele morava no mesmo prédio mas em outro apto.

Como eu dizia, eu cheguei em casa e nenhuma delas estava em casa então fui dormir.

De repente parecia que eu ouvia bem longe o telefone tocando... trimmmm, acordei e ouvi uma voz falando qualquer coisa em inglês, mas como eu não entendi nada continuei a dormir... e trimmm novamente, acordo e penso, o que fazer, vou deixar cair na secretária, não falo inglês direito mesmo, melhor que a pessoa deixe o recado na secretária assim vai ser mais fácil delas entenderem o recado. Foi quando ouvi Grace... are you there? Please hang up... e eu não entendi lhufasss mas entendi o meu nome e reconheci a voz da Rachel, então fui correndo pegar o telefone, mas quando eu atendi caiu a linha.

Achei que não era nada importante e voltei pra cama, quando eu deito começa a tocar novamente o telefone, que saco eram 3hs da manhã, no dia seguinte eu tinha que acordar cedo pra ir pra aula, porque eu estava estudando inglês e as aulas começavam as 8h00. Enfim, levantei novamente, bastante sonolenta e atendi o telefone, - Hello!?!?, disse eu e ouvi a voz da Rachel que dizia: - Grace, thanks God!! vou continuar em português para que todos possam entender melhor, mas a nossa conversa foi toda em inglês, pois a Rachel é americana e não fala português. E ela continuou - Por favor, chame o Silvio porque eu tive um acidente de moto e estou no Hospital. E eu disse: - What?? Hospital? é que eu não tinha entendido nada, primeiro porque ainda tava sonolenta e não estava acostumada a falar em inglês por telefone e segundo porque meu inglês era muito sofrível. E ela repete - Por favor Graça, ache o Silvio e diga para vir aqui que em uns 15 minutos eu ligo de novo para falar com ele. E eu disse: Desculpe Rachel mas eu não estou entendendo, o que aconteceu com você? tudo isso em meu horrível inglês, e ela disse - Eu quebrei a minha perna, porfavor ache o Silvio, eu preciso dele. Aí ela falou bem devagar e eu entendi que ela tinha quebrado a perna e desesperada eu disse: - Oh my God, ok, Eu vou procurar por ele agora mesmo, Espere por uns 20 minutos e ligue novamente, ok? E ela feliz em ver que eu tinha entendido disse - Ok, but fast please. - Ok, bye. eu disse isso e desliguei o telefone, procurei a Tara, mas ela não tava em casa, então sai correndo para o apartamento do Silvinho.


Então, fui até o apto do Silvio e bati na porta, porque os aptos lá daquele prédio não tinham campanhia, mas ninguém respondeu. Bato mais forte e grito também, - Silvioooooo!!! mas ainda ninguém respondeu, fiz isso por alguns minutos e nada.

Pensei, e agora o que fazer? Aí, tive a idéia de descer, fui pra fora do predio tocar a campanhiaem baixo, porque todos os aptos tinham campanhia na entrada do prédio. Toquei uma, duas, cinco vezes até que por fim uma voz... - Hi!! e eu disse - Oi é a Graça, a Rachel caiu de moto e eu to procurando o Silvio. Falei em português porque os amigos dele que moravam com ele eram todos brasileiros. Ai o cara disse, - Jura, vem aqui então. Subi as escadas correndo, porque lá até tinha elevador mas era tão demorado que nunca ou quase nunca eu usa o elevador, subia e desci sempre de escada. Quando eu cheguei lá no apto. deles apenas estava lá um casal, e eles tentavam ligar pro Silvio mas o celular dele caia sempre na caixa postal. O jeito era deixar um bilhete na cama dele e rezar pra ele ver o bilhete quando chegasse e voltei pro meu apartamento.

Quando cheguei a Rachel liga e eu explico pra ela que ele não tava e que tinha que esperar, ela então me deu o endereço do hospital e disse que era pra eu esperar por ele e mandá-lo pra lá.

Enfim, ele chegou quase às 5hs da manhã, passou lá no apto. e eu passei o endereço do hospital e ele foi pra lá.

A Rachel ficou alguns dias no hospital porque teve que operar o joelho. Quando ela voltou pra casa, o Silvio tinha passagem marcada para o Brasil para o dia seguinte e dois dias depois eu estava de mudança porque tinha alugado um quarto em outro lugar, é que na casa dela eu dormia na sala, pois só tinham dois quartos lá, e eu queria um pouco mais de conforto e privacidade.

Mas depois disso eu passava na casa dela todos os dias depois das aulas pra ver como ela estava e para ajudá-la, afinal ela mal conseguia andar, usava muletas e cadeira de rodas pra se locomover. Mas isso nos uniu muito e nos fez grandes amigas.

Rapidamente ela ficou boa e saíamos juntas todos os dias, íamos à praia quase que todos os dias, fomos pra Los Angeles, passear por lojas, parques enfim, fazíamos todo tipo de passeio. Fomos inclusive passar uns dias em San Francisco na casa da irmã gemea da Tara, que eu falei antes. Passamos ótimos dias em San Francisco com a Kala, mas isso é uma outra história.

Mas bom eu contei tudo isso porque uma vez, quando a Rachel já estava bem, pois já conseguia andar bem com as muletas fomos fazer compras no Target, a tal loja de departamento que falei acima e que a gente sempre ia. Bem, chegando lá uma moça perguntou se ela gostaria de usar o carrinho para deficientes e ela disse que sim, ai eu fiz uma cara de criança e perguntei, será que eu posso usar um também... e pasmem, ela deixou.

Fizemos a maior bagunça pela loja com o carrinho, tanto que um homem que passou nos disse, que aquele carrinho não era pra ser usado para brincadeiras e sim por pessoas que tinham alguma deficiência, e minha amiga disse, - qual o problema de 2 paraplégicas brincarem e serem felizes, você deveria ter um pouco mais de respeito e não ficar se metendo na vida dos outros, sem falar que nós já tínhamos problemas de mais, o homem se sentiu tão mal que depois até ficamos com dó dele. Ele olhou para o joelho dela e franziu as sobrancelhas, depois olhou pra mim e claro não viu nada em mim, mas eu bem que poderia ter alguma deficiência física que não estivesse aparente, como ele saberia? E então pediu milhões de desculpas e saiu todo encolhido, e nós demos muitas risadas.Claro que não estávamos gosando de nada e nem de ninguém, estávamos apenas nos divertindo com o carrinho. Alis já fiz isso aqui uma vez no Shopping Morumbi, a filha de uma amiga também teve um acidente de moto e tinha operado o joelho, ela tava com o carrinho do shopping, ai eu pedi pra ela usar um pouco a muleta e deixar eu dar uma volta com o carrinho, o pior foi que encontrei um amigo e ele veio todo preocupado pensando que eu tinha me machucado mesmo, mas ai eu disse a verdade.

Abaixo tem um filminho que fizemos lá no Target naquele dia. Alias, acho que o homem passava quando fazíamos o filme e pensou que nós duas éramos saudáveis e estávamos gosando de quem precisa usar aqueles carrinhos, ou sei lá, mas acho que saudáveis fisicamente até somos, já mentalmente.... vai saber, huahuahua



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